Banca cada vez menos favorável ao sector produtivo
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O crédito bancário constitui uma das fontes mais importantes para o financiamento dos sectores produtivos da economia, principalmente pelo facto de Moçambique apresentar potencialidades comprovadas de desenvolver os sectores da agricultura, agro-negócio, manufactura, indústria, turismo, entre outros.
Estas potencialidades deveriam constituir oportunidades para financiar investimentos necessários para dinamizar destes sectores. Todavia, o ambiente de negócios continua a ser o principal, e cada vez maior, inibidor do aproveitamento destas oportunidades pelas Pequenas e Médias Empresas (PME).
Vários relatórios que avaliam o ambiente de negócios em Moçambique, incluindo o Fórum Económico Mundial, convergem em considerar o financiamento bancário como o seu principal obstáculo em comparação com os demais factores que também são problemáticos, como a corrupção, a burocracia institucional e a falta de infra-estrutura adequada.
O acesso aos serviços financeiros por parte dos empresários é constrangido pela conjuntura económica geral de altas taxas de juros para a concessão de crédito às PME, agravado pelo facto de alguns destes sectores, casos da agricultura e agro-negócio, serem considerados de risco. Num contexto de alta vulnerabilidade do país a eventos climáticos extremos, tais sectores ficam ainda mais penalizados na avaliação de risco de negócio através de elevadas taxas de juros.
Outro factor que restringe o acesso ao financiamento a tais sectores produtivos é o carácter informal da economia moçambicana, mais crítico nas zonas rurais devido ao menor número de instituições financeiras, o que dificulta, ainda mais, o acesso pelos agentes económicos aos serviços financeiros, particularmente ao crédito bancário.
Ao longo dos últimos 10 anos, o Banco de Moçambique não tem conseguido reduzir consistentemente as taxas de juros para proporcionar maior acessibilidade e financiamento à economia nacional. Sucede que, em períodos de expansão monetária, através da redução das taxas de juro, por razões externas (choques inesperados) e da estrutura da economia (excesso do consumo satisfeito pelas importações), o Banco de Moçambique é obrigado a recuar, tornando mais restritiva a política monetária para gerir os ciclos destes choques.Nos períodos de altas taxas de juro, é possível notar que o crédito à economia diminui, e, desde a crise de 2016/17, que o crédito à economia vem apresentando uma trajectória descendente, sinalizando maiores dificuldades de financiamento aos diferentes sectores.
O pico do maior saldo do crédito à economia foi atingido em Setembro de 2016, quando ascendeu a 273 mil milhões de meticais e, desde então, nunca mais passou dos 250 mil milhões. Isto é contrário a uma economia em expansão e com produto potencial não explorado em diferentes sectores que, em certa medida, constituem a solução para a dependência crónica de Moçambique do sector externo.
Leia o artigo na íntegra, na página 37, da Iª Edição da Revista Business&Legal, disponível aqui